A estabilidade e a efetividade da preferência partidária no Brasil
Artigo
A estabilidade e a efetividade da preferência partidária no Brasil
Pereira, Frederico Batista | 2014
Abstract
Utiliza dados de pesquisa de opinião em painel coletados ao longo de 2002 em
Caxias do Sul (RS) e Juiz de Fora (MG) para testar em que medida a preferência partidária
é uma atitude estável e efetiva entre os eleitores brasileiros que a declaram. As análises
focalizam os eleitores do Partido dos Trabalhadores. A questão que move o artigo é até
que ponto a preferência partidária pode ser vista como uma causa do voto para presidente
no Brasil. Duas perspectivas são contrastadas em busca da resposta para essa questão.
A primeira defende que, ainda que restrita a uma parcela minoritária do eleitorado, a
preferência partidária constitui uma atitude forte. Para a segunda perspectiva, a preferência
partidária é, de maneira geral, uma atitude instável que emerge durante o período
eleitoral, provavelmente em virtude da campanha e da identificação do eleitor com os
candidatos. Os resultados das análises mostram que grande parte do petismo manifestado
nas pesquisas de opinião em outubro se deve à saliência da eleição presidencial e tende a
desaparecer posteriormente, além de ser menos importante para a escolha de candidatos
para outros cargos em disputa. Além disso, esse petismo instável é mais comum entre
eleitores menos politicamente envolvidos e sofisticados. It uses panel survey data from Caxias do Sul (RS) and Juiz de Fora (MG) in 2002 to
assess to what extent partisanship constitutes a stable and effective political orientation
for Brazilian voters. The analysis in the article focuses on respondents who support the
Workers Party. The main question is whether party identification can actually be considered
a cause of vote choice in the Brazilian multi-party system. In order to answer this
question, two competing perspectives are examined. The first perspective argues that,
even though partisanship is restricted to a small proportion of the Brazilian electorate,
it is a strong orientation among those voters who express it. The second perspective
argues that partisanship is mostly an unstable orientation that acquires salience only
during electoral periods, and due in large part to campaign effects and the influence of
candidates. The results show that almost half of the party preferences that are reported
in the electoral period are exclusively a result of the salience of the presidential election,
and that partisan identification tends to disappear when the race is over. Moreover,
unstable partisans tend to vote less frequently for their preferred party in elections than stable partisans. Finally, it is shown that unstable partisans tend to present lower levels
of political involvement and sophistication than stable partisans.
Subject(s)
Voto; Preferência; Partido político; Eleições; Brasil; Estabilidade
Referência
PEREIRA, Frederico Batista. A estabilidade e a efetividade da preferência partidária no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 13, p. 213-244, jan./abr. 2014.
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