Entre a ação política das mulheres e a participação das mulheres na política : o que estamos negligenciando?
Artigo
Entre a ação política das mulheres e a participação das mulheres na política : o que estamos negligenciando?
Buglione, Samantha | Anziliero, Bruna | 2015
Resumo
Analisa a participação política das mulheres a partir de
uma distinção entre ação política e participação
na política. O primeiro sentido, o de ação
política, está, neste estudo, vinculado a autores
como Maquiavel, Arendt e Agamben, enquanto
o segundo, o de participação na política,
vincula-se e destaca o locus da concepção
aristotélica e a estatização que ocorreu na
modernidade. Para realizar a pesquisa fizemos
um levantamento junto às duas revistas
acadêmicas mais antigas de gênero e feminismo
no Brasil: Cadernos PAGU e Revista Estudos
Feministas. O marco teórico é o conceito de
política como liberdade. Por essa razão, tanto o
ato quanto a ação política, estariam para além
da participação em governos, estados,
instituições e movimentos. A hipótese é que ao
se adotar o conceito de ação política como
exclusiva participação em instituições e
governos se está, não apenas a reforçar a
política como algo pertencente a um lugar
(locus), mas a limitar o sentido radical de arte
política. Entre as conclusões observa-se que a
construção teórica brasileira, ao menos o que foi
publicado em revistas confessamente feministas
e de gênero, nos últimos quinze anos, não
contemplou outros matizes de atos e ações
políticas, limitando-se a conceber a participação
e ação política das mulheres como participação
em instâncias de governos ou instituições.
Apesar dos avanços em se politizar questões
tradicionalmente vistas como não políticas, a
exemplo da reprodução e sexualidade e da
violência doméstica, a participação das
mulheres, mesmo nestes temas, só é vista como
política se ocorre dentro dos padrões tradicionais de um locus previamente eleito
como legítimo. Observa-se que o sentido da arte
política não foi revisitado. Por esta perspectiva
tradicional, política assume um papel
heterônomo e mediado e não autônomo.
Mantém-se, assim, a política como algo de um
locus: a polis; só que agora uma polis secular,
estatizada e jurisdicizada e perde-se, com isso,
a percepção da política como uma capacidade
dos sujeitos, ou seja, como liberdade e arte. It analyzes political participation of women while drawing a distinction between political participation and
political action. The former, that of political
action, is in this study related to the writings by
Machiavelli, Arendt and Agamben. The later,
that of participation in politics, is related to and
highlights the idea of locus (or perspective)
conceived by Aristotle and modern day move
towards the state. To obtain our figures we
conducted surveys with the oldest academic
genre and feminism magazines in Brazil:
Cadernos PAGU and Revista Estudos
Feministas. The theoretical framework chosen
is the concept of politics as liberty. Due to this
political acts just as political action would fall
outside participation in government, states,
institutions and movements. The hypothesis is
that while adopting the concept of political
action to mean exclusively the participation in
institutions and government, we are in fact not
only reinforcing the idea that politics is something that belongs within a given place
(locus) but it also limits the radical meaning
within political art. In the conclusions we notice
that the Brazilian theoretical construct, as least
as far as it appeared in expressly feminist and
genre publications these last 15 years, did not
take into account other shades of political
participation and actions. They limited
themselves to taking into account the political
participation of women in institutions and
government bodies. Inspite of the advances in
bringing into the political arena matters that are
traditionally seen to be as non political (for
example sexuality and domestic violence),
women's participation, even in these subjects is
only seen as legitimately political should it
happen within the traditional framework of a
previously elected locus. We have noted that the
meaning of political art has not been revised.
Through this traditional perspective, politics
adopts diverse and mediatory roles but not an
autonomous one. In this way politics remains as
part of a locus: the polis; only now a secular
polis, which gravitates towards the state and in
this way legalised, politics loses its dimension
as an individual's legal capacity, in other words
as liberty and art.
Assunto(s)
Participação política; Mulher; Democracia
Referência
BUGLIONE, Samantha; ANZILIERO, Bruna. Entre a ação política das mulheres e a participação das mulheres na política: o que estamos negligenciando?. Gênero & Direito, João Pessoa, v. 4, n. 1, 2015.
-
visualizar
2015_buglione_ entre_acao_politica.pdf
-
visualizar
qr_code_bdtse4577.jpg
Este item está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.